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Gisberta na pele e na voz de Letícia Rodrigues.

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Você sabia que o Brasil é o país que mais mata travestis e mulheres trans? Você sabia também que, ironicamente, nosso país é o que mais consome pornografia trans? Eis uma equação para ser decifrada. O espetáculo “Gisberta” que assisti semana passada no teatro Ednaldo do Egypto é um bom começo de conversa. Um monólogo escrito e interpretado pela atriz Letícia Rodrigues. A história de Gisberta é triste. Muito triste. Um texto real que saiu diretamente da vida para os palcos. Fala de uma mulher trans brasileira que foi viver em Portugal para escapar da violência transfóbica no Brasil. Acabou torturada e morta por quatorze crianças e adolescentes. Na época eles tinham entre doze e dezesseis anos. O que torna tudo muito mais sombrio. O crime aconteceu em 2006 e ainda continua impune. Na cidade do Porto, Gisberta se tornou um símbolo da luta contra a transfobia. A dor da tragédia alimenta a força da resistência. Letícia propõe o espetáculo em razão da Semana de Visibilidade Trans. Depois de

Um estado de poesia.

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  Terra de Augusto dos Anjos, a Paraíba possui uma tradição muito ampla na poesia. Lugar de cantadores como Inácio da Catingueira e Zé Limeira. Drummond chamava o cordelista Leandro Gomes de Barros de “príncipe dos poetas”. Terra de Silvino Olavo, Vanildo Brito, Zila Mamede, Sérgio de Castro Pinto. Se produz arte   de qualidade em todas as linguagens por aqui. A Paraíba é um dos respiradouros artísticos do Brasil e tem na poesia o seu sotaque primordial. Atendendo convite da Editora Casa Verde, de Porto Alegre, reuni uma das minhas seleções. Convenhamos são muitas. Realizei um grande recorte da poesia contemporânea da Paraíba. Poetas nascidos e nascidas, residentes ou que deixaram a alma por aqui. Poetas jovens, poetas mais experientes. Do cordel ao neobarroco. Eram tantos e tantas que já começo a pensar num segundo volume. Ainda que as escolhas jamais sejam fáceis, pois inevitavelmente sempre haverá o risco de alguma injustiça. Afinal, escolher um caminho significa deixar de trilhar o

Para não esquecer Violeta Formiga

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Paraibana de Pombal, a poeta Violeta Formiga nasceu no dia 28 de maio de 1951. Impossível esquecê-la. Da poesia que plantou ainda sobram sementes.    Sua curta história de vida foi perpassada por palavras e atos sensíveis, expressivos, despojados e comprometidos com a liberdade passarinhada da condição humana. Também por isso é preciso não esquecê-la. Afinal, a literatura brasileira já é um labirinto de inexplicáveis silenciamentos. Na era da comunicação o cancelamento impera e a vaidade gera mais curtidas e compartilhamentos que leitores e leitoras. A história da poeta Violeta Formiga transcende o seu tempo. Sua poesia ficou para contar o que ainda não sabemos. Seus versos mostram um diálogo permanente e escancarado com a vida. A poeta viveu num cerco de intensidades. Mergulhou nos sentimentos profundos e nas profanações literárias. Muitos dos seus poemas, de certa forma, denunciam o confronto vivido com a morte.   É na  poesia que localizamos seus medos e suas coragens. Sua valentia

As escolhas afetivas de Débora Vieira.

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Que a cantora Débora Vieira é memória viva dos palcos da Paraíba desde os anos 80, todo mundo sabe. O que muita gente ainda não sabe é que recentemente ela gravou um álbum que revela um pouco dessa t ravessia. Realizou suas escolhas sem pressa. Buscou músicos competentes e arranjadores experientes para entregar ao público um álbum expressivo que traduz um pouco da sua trajetória na vida e na arte. Quando se fala em música paraibana estamos falando de muitos infinitos. A Paraíba tem uma tradição musical inspiradora. Terra de gênios como Sivuca, Jackson do Pandeiro e José Siqueira. Aqui nasceram artistas que por diferentes caminhos tatuaram seus nomes na pele da música brasileira. Falo de Zé Ramalho, Elba Ramalho, Geraldo Vandré, Cassiano, Chico Cesar, Cátia de França, Livardo Alves, Flávio José, Herbert Viana, Lucy Alves, Roberta Miranda, Vital Farias, entre tantos e tantas. Por aqui sempre houve uma conexão natural com as revoluções estéticas do mundo.  Também com as contestações a

Adeildo Vieira hoje no Teatro Santa Roza

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Adeildo Vieira chega aos sessenta com seu coração de menino. Adeildo Vieira é um dos compositores mais aclamados da Paraíba. Possui uma obra consolidada e respeitada por quem gosta de boa música. Ao completar sessenta anos o artista decide presentear a cidade de João Pessoa com o show Paraosbons no teatro Santa Roza. Um show que terá participações especialíssimas de Dida Vieira, Gláucia Lima e Berimbaobab. Adeildo reúne suas parcerias de sempre para cantar a solidariedade, o amor, o sentimento de justiça. Certamente, como todo show de Adeildo Vieira, teremos casa cheia e seus fãns e amigos entusiasmados deverão promover um grande encontro de amigos. Nas redes sociais o artista publicou um texto que revela a sua natureza: " Cheguei! Sessenta giros ao redor da luz. Olho para trás e navego a lembrança em cenas de navegações por revoltosos mares de disfarçadas calmarias. A ousadia de navegar naufrágios, ainda que tenha contido no timão a força imperativa dos ventos. Sinto que me m

As veias abertas de Clareanna Santana

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O primeiro livro é sempre uma provocação e um desafio. Uma estirada de Língua do poeta ou da poeta. Especialmente porque as facilidades para a publicação nesses tempos modernosos, geralmente convidam ao abismo. Os canais de divulgação da Poesia e principalmente da nova Poesia brasileira, são inúmeros. Os blogs, as plataformas, as redes sociais. Dificilmente um escritor ou escritora fica inédito por muito tempo. Escreveu, publicou. Ninguém está isolado. A bolha dos poetas municipais, estaduais ou federais, todavia, explodiu enquanto “tiravam ouro do nariz”. A poeta Clareanna e o livro Artéria. Anos atrás alguns acelerados acendiam o alerta máximo sobre o que seria a tal “literatura na internet”. Ninguém tinha ideia do que estava acontecendo, mas o medo das novidades mordeu muitos calcanhares. Nos primórdios da conexão discada os poucos textos expostos eram generalizados como “escritas rasas”. Era o veredito geral da Suprema Corte Literária. Até que os “togados” também entraram nas r

Entre Vistas: IVERSON CARNEIRO E O MOVIMENTO POETAS PELA DEMOCRACIA

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  O paraense Iverson Carneiro fez história na Paraíba Iverson Carneiro é um poeta brasileiro nascido em Bragança, no Pará. Residiu na Paraíba entre os anos 1979 e 1988. Logo depois mudou-se para o Rio de Janeiro onde vive ainda hoje. Iverson inaugura a série de entrevistas que será publicada no blog Praça da Paz, com artistas, intelectuais e fazedores de cultura da Paraíba. Nosso poeta convidado publicou cinco livros de poemas e em novembro lançará “A liberdade é um céu em que habitam virgens e capetas”, pela Ventura Edições. Iverson participa ativamente de diversos movimentos poéticos no Rio e Janeiro e aqui na Paraíba deixou boas lembranças na militância poética com artistas e poetas como o saudoso Lúcio Lins, Chico Lino Filho, Pedro Osmar e outros. No próximo dia 22 de julho, 18h, ele estará na Paraíba com o evento “Poetas pela Democracia”, já realizado em outros estados e países. Para isso estamos convidando poetas, escritores e artistas em geral para o vento que deverá se real