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Mostrando postagens de janeiro, 2024

Gisberta na pele e na voz de Letícia Rodrigues.

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Você sabia que o Brasil é o país que mais mata travestis e mulheres trans? Você sabia também que, ironicamente, nosso país é o que mais consome pornografia trans? Eis uma equação para ser decifrada. O espetáculo “Gisberta” que assisti semana passada no teatro Ednaldo do Egypto é um bom começo de conversa. Um monólogo escrito e interpretado pela atriz Letícia Rodrigues. A história de Gisberta é triste. Muito triste. Um texto real que saiu diretamente da vida para os palcos. Fala de uma mulher trans brasileira que foi viver em Portugal para escapar da violência transfóbica no Brasil. Acabou torturada e morta por quatorze crianças e adolescentes. Na época eles tinham entre doze e dezesseis anos. O que torna tudo muito mais sombrio. O crime aconteceu em 2006 e ainda continua impune. Na cidade do Porto, Gisberta se tornou um símbolo da luta contra a transfobia. A dor da tragédia alimenta a força da resistência. Letícia propõe o espetáculo em razão da Semana de Visibilidade Trans. Depois de

Um estado de poesia.

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  Terra de Augusto dos Anjos, a Paraíba possui uma tradição muito ampla na poesia. Lugar de cantadores como Inácio da Catingueira e Zé Limeira. Drummond chamava o cordelista Leandro Gomes de Barros de “príncipe dos poetas”. Terra de Silvino Olavo, Vanildo Brito, Zila Mamede, Sérgio de Castro Pinto. Se produz arte   de qualidade em todas as linguagens por aqui. A Paraíba é um dos respiradouros artísticos do Brasil e tem na poesia o seu sotaque primordial. Atendendo convite da Editora Casa Verde, de Porto Alegre, reuni uma das minhas seleções. Convenhamos são muitas. Realizei um grande recorte da poesia contemporânea da Paraíba. Poetas nascidos e nascidas, residentes ou que deixaram a alma por aqui. Poetas jovens, poetas mais experientes. Do cordel ao neobarroco. Eram tantos e tantas que já começo a pensar num segundo volume. Ainda que as escolhas jamais sejam fáceis, pois inevitavelmente sempre haverá o risco de alguma injustiça. Afinal, escolher um caminho significa deixar de trilhar o

Para não esquecer Violeta Formiga

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Paraibana de Pombal, a poeta Violeta Formiga nasceu no dia 28 de maio de 1951. Impossível esquecê-la. Da poesia que plantou ainda sobram sementes.    Sua curta história de vida foi perpassada por palavras e atos sensíveis, expressivos, despojados e comprometidos com a liberdade passarinhada da condição humana. Também por isso é preciso não esquecê-la. Afinal, a literatura brasileira já é um labirinto de inexplicáveis silenciamentos. Na era da comunicação o cancelamento impera e a vaidade gera mais curtidas e compartilhamentos que leitores e leitoras. A história da poeta Violeta Formiga transcende o seu tempo. Sua poesia ficou para contar o que ainda não sabemos. Seus versos mostram um diálogo permanente e escancarado com a vida. A poeta viveu num cerco de intensidades. Mergulhou nos sentimentos profundos e nas profanações literárias. Muitos dos seus poemas, de certa forma, denunciam o confronto vivido com a morte.   É na  poesia que localizamos seus medos e suas coragens. Sua valentia

As escolhas afetivas de Débora Vieira.

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Que a cantora Débora Vieira é memória viva dos palcos da Paraíba desde os anos 80, todo mundo sabe. O que muita gente ainda não sabe é que recentemente ela gravou um álbum que revela um pouco dessa t ravessia. Realizou suas escolhas sem pressa. Buscou músicos competentes e arranjadores experientes para entregar ao público um álbum expressivo que traduz um pouco da sua trajetória na vida e na arte. Quando se fala em música paraibana estamos falando de muitos infinitos. A Paraíba tem uma tradição musical inspiradora. Terra de gênios como Sivuca, Jackson do Pandeiro e José Siqueira. Aqui nasceram artistas que por diferentes caminhos tatuaram seus nomes na pele da música brasileira. Falo de Zé Ramalho, Elba Ramalho, Geraldo Vandré, Cassiano, Chico Cesar, Cátia de França, Livardo Alves, Flávio José, Herbert Viana, Lucy Alves, Roberta Miranda, Vital Farias, entre tantos e tantas. Por aqui sempre houve uma conexão natural com as revoluções estéticas do mundo.  Também com as contestações a